Banda mineira "Cáustica" concede entrevista a Rock SP após lançamento do EP Musas e Medusas


Novos talentos, novos caminhos

Após a participação das Mulheres Cáusticas no Domina Mundi Festival, confira a entrevista concedida a Rock SP: http://www.rocksp.com.br

1. Como se originou a banda?

R: A banda surgiu do encontro entre a guitarrista e vocalista (Pâmilla) com a baterista (Brenda). Elas se conhecerem num curso de gestão cultural e Brenda percebeu que a colega de sala não parava de bater o pé durante as aulas e logo imaginou que era uma criativa inquieta e um pouco louca também...então, quando duas doidas se juntam, dá um som cáustico. Esse era o nome da banda no início, depois mudamos para
Cáustica, por ser mais F/Soda... A guitarrista foi fazer um teste com Brenda e com a baixista Poly que tocaram juntas na banda Caution alguns anos. A química deu certo de cara e logo começamos a compor freneticamente, cada ensaio era uma música nova. Em menos de 1 ano já tínhamos um repertório com 8 músicas próprias.

2. Como são dadas as composições? Todas em português?

R: Todas as composições são em português e surgem nos ensaios da banda. Às vezes Brenda chega com uma poesia e dela tiramos ideia para a melodia e harmonia. Às Pâmilla (guitarrista/vocal) chega com riffs ou idéias para as letras. É um processo anárquico que não tem método nem uma forma de começar ou terminar. As músicas surgem de um estímulo que pode ser uma poesia, uma palavra ou uma imagem.

3. As canções visam algo específico?

R: Somos muito ligadas à experiência sonora e a poesia. Então buscamos criar poética própria e uma sonoridade nossa. Queremos ter uma marca específica e contribuir esteticamente para a música feita atualmente.

4. Vocês consideram o estilo comercial? Qual a pretensão do projeto?

R: Não acreditamos que seja necessário seguir um padrão para vender. O problema é que o mercado ainda não entendeu isso. O nosso projeto tem a pretensão de ser conhecido e chegar às pessoas sendo comercial ou não. Se você pensar em outros países como os EUA, por exemplo, até Sonic Youth é comercial. O Brasil precisa apostar na diversidade e entender que o público quer o diferente também.

5. Quais as influencias em comum dos integrantes?

R: A gente vem de trajetórias musicais muito diferentes, mas acho que posso citar uns nomes como Mutantes, Sonic Youth e PJ Harvey.

6. O público alternativo aceita bem o trabalho de vocês, existiu um foco inicial quanto à isso?

R: O público está nos recebendo muito bem, os nossos desapontamentos estão sendo mais com produtores de eventos que não respeitam as bandas independentes. Tivemos uma recepção muito legal nesse show em São Paulo com Matanza, apesar dos contratempos com a viagem e quando o pessoal da produção cortou o nosso som antes do tempo previsto. Viajar de Minas Gerais para tocar menos de 20 minutos quando o combinado era 40 foi duro. De toda forma valeu pelo público. A galera respondeu bem e curtiu nosso lançamento do EP Musas e Medusas (que literalmente lançamos no público durante o show...). Foi divertido! Durou pouco, pois a gente tocou só metade do repertório que estava combinado. Agora precisamos voltar a São Paulo, mas com outra produtora, pois não gostamos da experiência com a Interlude. Eles acabaram falhando na divulgação das bandas, que ficaram com o trabalho pesado, inclusive de vender ingressos. Não achamos isso legal. Esta é a última vez que entramos em algo deste estilo. Certo foi o pessoal do Dead Fish que pulou fora do show, assim que soube o que estava acontecendo com as bandas na obrigação de vender ingressos. Acho que está faltando respeito, ainda mais que é um cenário de bandas independentes.

7. Possuem outros projetos ou “pontas” em outras bandas?

R: A Cáustica já dá muito trabalho (risos). Estamos tocando direto, fica difícil conciliar as agendas, apesar de rolar uns convites.

8. O que uma banda hoje em dia precisa?

R: Eu acho que as bandas precisam ter uma marca, uma identidade própria que deve ser buscada a cada dia. Chega de imitação, né? A diversidade só acontece quando as pessoas se manifestam artisticamente visando construir um estilo próprio.

9. Quais as maiores dificuldades ou obstáculos que uma banda tem que superar hoje em dia?

R: Ter visibilidade e reconhecimento ainda é uma barreira que se tornou ainda maior com essa separação entre bandas do mainstream e bandas independentes. Precisamos criar um mercado para a música independente e fazer alcançar novos públicos. Um mercado musical forte é importante para dar sustentação para as bandas.

10. Este novo trabalho está vindo de que forma para o mercado?

R: Estamos recebendo muitos convites para shows e nosso trabalho tem gerado uma curiosidade no público. Não sabemos no que vai dar isso ainda, pois é algo que só a estrada vai nos dizer. Fizemos este EP na coragem, na correria e sem dinheiro. Se não fosse o apoio do pessoal do Centro Cultural Nem Secos que cedeu espaço do estúdio, da prensagem com a DC Records, do produtor Christopher Castro, do Coletivo Contorno que fez a produção das fotos e capa ia ser inviável lançar em São Paulo. Esperamos que a Cáustica aproxime cada vez mais pessoas e que o pessoal possa curtir as nossas experiências musicais.

http://www.caustica.com.br/
Por (DC)

Foto: Banda Cáustica durante a gravação do EP Musas e Medusas no estúdio do Centro Cultural Nem Secos.

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